“Em Gaza, crianças em sangue estão sendo mantidas. É como no Japão há 80 anos”. O lamento – e, ao mesmo tempo, alerta – é de Toshiyuki Mimaki, diretor da organização japonesa Nihon Hidankyo (Confederação Japonesa de Organizações de Sofredores de Bombas Atômicas e de Hidrogênio), movimento popular de sobreviventes da bomba atômica de Hiroshima e Nagasaki, que recebeu, nesta sexta-feira (11/10), o Prêmio Nobel da Paz 2024.
Para ele, a situação das crianças em Gaza, onde o conflito entre Israel e o grupo radical islâmico perdura, é semelhante à das crianças japonesas no final da Segunda Guerra Mundial. Já o primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba, disse que o prêmio para a Nihon Hidankyo foi “extremamente significativo”.
Para o Mimaki, ele mesmo um sobrevivente da tragédia atômica em Hiroshima e Nagasaki, os atuais conflitos mundiais, como no Oriente Médio, Rússia, Ucrânia e Sudão, demonstram que “as armas nucleares devem ser absolutamente abolidas”.
Segundo o Comitê Norueguês do Nobel, a Nihon Hidankyo, fundada nos anos 1950 por “hibakushas” – sobreviventes de bombas atômicas – foi escolhida “por seus esforços para alcançar um mundo livre de armas nucleares e por demonstrar, por meio de testemunhas, que as armas nucleares nunca mais devem ser usadas”.
Em entrevista concedida em Tóquio, Mimaki afirmou: “(O prêmio) Será uma grande força para lembrar ao mundo que a abolição das armas nucleares pode ser alcançada”. Ele expressou surpresa ao ganhar a láurea. “Nunca sonhei que isso pudesse acontecer”, disse, com lágrimas nos olhos.