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“A gente pode dizer que o boi segue no rastro do fogo, que vem depois do desmatamento”, defende George Sturaro, Diretor de Relações Governamentais e Políticas Públicas da Mercy For Animals, em entrevista ao programa Bem Viver desta quarta-feira (2).
“Existe um ciclo histórico de destruição dos biomas brasileiros impulsionado pela expansão da pecuária bovina e também da monocultura, principalmente da monocultura de soja, cuja maior parte é destinada à alimentação de animais criados em confinamento, porcos, galinhas, frangos”.
Sturaro explica que a pecuária utiliza o fogo em dois momentos. Primeiro, é para “limpar” uma área que foi recém desmatada. Ou seja, o fazendeiro derruba as árvores de maior porte e o restante da vegetação é destruída pelo fogo, para preparar o terreno para o pasto.
“De tempos em tempos, esse pasto precisa ser renovado. E a forma que se usa para renovar novamente é o fogo. Então, os fazendeiros tocam fogo no pasto”
O pesquisador diz que este vem sendo o modelo aplicado para o Cerrado e Amazônia, pelo menos, nos últimos 40 anos, principalmente com o movimento imposto pela ditadura militar conhecido como Marca do Boi. Mas o especialista vai além.
“Se a gente olhar o modelo de, entre aspas, desenvolvimento econômico do Brasil, ele em linhas gerais, ele permanece inalterado ao longo dos últimos 40, 50 anos. Ele está fortemente baseado em cultivos extrativistas, monoculturas”.
“Pelo menos algo em torno de 80% das exportações agrícolas do Brasil estão baseados em 10 produtos, com uma participação predominante da soja e produtos de origem animal, como carne bovina, carne de frango”.
É um modelo econômico baseado em monocultivo de exportação, principalmente, que não se diferencia muito no seu ethos do modelo colonial que a gente teve nos últimos 500 anos”, finaliza.
Registro de fazenda na Amazônia - Foto EBC
Fonte: ICL Notícias