domingo, 29 de dezembro de 2024

Dois curtas-metragens sobre duas mulheres extraordinárias estão no Oscar 2025

Imagens: Reprodução

Impedida de falar pelo autismo, Makayla Cain, de 14 anos, dialoga com o mundo por meio de um quadro de letras

 A voz de Makayla: Uma carta ao mundo”, de Julio Palacios. A produção é centrada em Makayla Cain, adolescente de 14 anos de Atlanta diagnosticada com uma forma rara de autismo, que a torna não verbal.

 O curta é narrado pela atriz Portia Cue, voz escolhida pela própria Makayla. Acompanha o período em que a vida da garota sofreu uma grande mudança. A partir de um quadro de letras, trazido por sua tutora apenas oito meses antes de o filme ser rodado, Makayla passou a se expressar devidamente.

Até então, os pais (ela é filha de Khari “Needlz” Cain, produtor que trabalhou com 50 Cent e Bruno Mars) e irmãos não conseguiam se comunicar com ela.

 Há humor e inteligência nos textos que ela criou por meio do quadro de letras. De forma honesta e direta, o curta dá protagonismo a uma pessoa que sempre viveu nas sombras.

Orin O’Brien foi a primeira mulher musicista da Filarmônica de Nova York


“Seu envolvimento musical é total, sempre que olho na direção dela e inevitavelmente a vejo olhando atentamente para mim, fico maravilhado com a concentração.” O curta-metragem “A única mulher na orquestra” é aberto com esta frase, dita por ninguém menos que Leonard Bernstein (1918-1990). Ele se referia a Orin O’Brien, contrabaixista que contratou em 1966, quando dirigia a Filarmônica de Nova York.

 O filme conta a trajetória de uma mulher fantástica. Orin foi a primeira musicista contratada por uma das orquestras mais prestigiosas do mundo.

Mas não só: ocupou seu posto por 55 anos. O curta é dirigido por sua sobrinha, Molly O’Brien, que entrou de cabeça no projeto na época da aposentadoria da tia, em 2021.

Orin tem hoje 89 anos. Ou seja, trabalhou na orquestra até os 85. Mesmo deixando a Filarmônica, continua na ativa, com alunos particulares (formou um número grande de musicistas). O filme, contado de forma íntima (a diretora ora está em cena, ora atua como narradora), vai descortinando a vida desta mulher que nunca quis os holofotes.

Filha dos atores George O’Brien (1899-1985) e Marguerite Churchill (1910-2000), ela teve infância e adolescência fora do padrão de sua época. Com os pais ausentes por causa da vida artística, sempre fez o que quis. Quando chegou à Filarmônica, teve que enfrentar o meio eminentemente masculino – em 1966, a orquestra tinha 104 musicistas, todos homens. Não havia sequer banheiro feminino para ela. 

Na atualidade, ela comenta o quanto se incomodava, pois sempre quis atuar em orquestra para ser mais uma do grupo – nunca pensou em ser solista, por exemplo.

Ambos os filmes estão disponíveis na Netflix.

Fonte: O Estado de Minas