domingo, 24 de maio de 2020
Trump proíbe a entrada de brasileiros nos EUA
Foto: Rede TV+
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmou um alerta que fizera por mais de uma vez e anunciou neste domingo a proibição da entrada de brasileiros e de demais não americanos que estiveram no Brasil por causa do descontrole do coronavírus no país.
A decisão foi divulgada por meio de um decreto assinado pelo próprio presidente americano neste domingo. De acordo com o decreto, cidadãos não americanos que estiveram no Brasil pelos últimos 14 dias estão proibidos de ingressar nos EUA. A decisão é válida a partir da próxima sexta-feira, dia 29 de maio.
No decreto, Trump diz que “considera que a entrada irrestrita nos EUA de pessoas descritas na seção 1 deste decreto é (…) prejudicial aos interesses dos EUA, e que sua entrada portanto deve estar sujeita a certas restrições, limitações e exceções”.
“Hoje, o presidente tomou uma ação decisiva para proteger nosso país suspendendo a entrada de estrangeiros que estiveram no Brasil durante o período de 14 dias antes de buscarem admissão nos EUA. Até o dia 23 de maio de 2020, o Brasil tem 310.087 casos confirmados de Covid-19, o terceiro maior número de casos confirmados no mundo. A ação de hoje vai ajudar a garantir que estrangeiros que estiveram no Brasil não se tornem uma fonte adicional de infecções em nosso país”, diz o comunicado divulgado pela Casa Branca.
O texto afirma que a decisão não se aplica ao fluxo comercial entre os dois países, que será mantido.
Havia, antes da decisão, apenas nove voos semanais em operação entre Brasil e EUA, todos para a Flórida e para Houston, no Texas.
Trump já proibira antes viagens de Europa, Reino Unido e China, lugares atingidos fortemente pelo vírus. O Brasil é o único país da America do Sul a sofrer tais restrições.
As empresas aéreas nesses lugares têm o direito de manter as rotas se o quiserem. Residentes permanentes (detentores de green card) estão isentos das sanções, assim como pessoas casadas com cidadãos americanos ou residentes permanentes.
Há algumas exceções no decreto, que incluem americanos e residentes permanentes nos Estados Unidos.
A medida foi precedida por diversas advertências. Já no final de abril, o presidente americano disse, durante reunião com o governador da Flórida, que estava considerando a ideia de suspender os voos provenientes da América Latina, e citou especificamente o Brasil.
O Brasil se tornou o segundo país do mundo em casos da Covid-19 na sexta-feira, perdendo apenas para os Estados Unidos, e agora tem mais de 347 mil pessoas infectadas pelo vírus e mais de 22 mil mortes, segundo o Ministério da Saúde. A situação brasileira fez que com a Organização Mundial da Saúde afirmasse que América do Sul se tornou o novo epicentro global da pandemia.
Nos EUA, são mais de 1,6 milhão de casos e mais de 97 mil mortes e, embora a pandemia comece a ser contida em estados que impuseram medidas de isolamento social rígidas, como Nova York e Califórnia, a doença continua se alastrando pelo interior.
Na terça-feira, Trump disse que os Estados Unidos ainda consideravam restringir voos e a entrada de brasileiros devido à expansão da Covid-19. O presidente americano então declarou que não queria “pessoas vindo para cá e infectando nosso povo”.
Neste domingo, o conselheiro de Segurança Nacional Robert O’Brien havia adiantado ao programa “Face the Nation”, da rede de TV CBS, que haveria uma decisão sobre suspender a entrada de viajantes que chegam do Brasil.
Esperamos que seja temporário, mas, devido à situação no Brasil, tomaremos todas as medidas necessárias para proteger o povo americano disse O’Brien, acrescentando que os brasileiros estão “passando por um mau momento”.