segunda-feira, 25 de maio de 2020
Por detectar a não eficácia contra a Covid-19 e possuir risco de arritmia cardíaca , OMS suspendeu testes com cloroquina e hidroxicloroquina contra a Covid-19
Foto: Fabrice Coffrini / AFP
A Organização Mundial de Saúde (OMS) anunciou, nesta segunda-feira (25), que suspendeu temporariamente testes com a cloroquina e a hidroxicloroquina para tratar a Covid-19. A decisão foi tomada dentro dos ensaios Solidariedade, iniciativa internacional com 100 países coordenada pela OMS para buscar tratamentos contra a doença.
O diretor-geral da entidade, Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou que a suspensão foi determinada depois de um estudo publicado na sexta-feira (22) na revista científica "The Lancet". A pesquisa, feita com 96 mil pessoas, apontou que não houve eficácia das substâncias contra a Covid-19 e detectou risco de arritmia cardíaca nos pacientes que as utilizaram.
"Os autores reportaram que, entre pacientes com Covid-19 usando a droga, sozinha ou com um macrolídeo [classe de antibióticos da qual a azitromicina faz parte], estimaram uma maior taxa de mortalidade", afirmou Tedros.
Mesmo sem evidências científicas que comprovem a eficácia dos medicamentos contra a Covid-19, o Ministério da Saúde emitiu, na semana passada, um documento que recomenda o uso deles, no SUS, para a doença. A recomendação inicial, lançada sem assinatura, teve modificações e foi republicada.
A recomendação das substâncias sem prova de que elas funcionavam contra o novo coronavírus foi motivo de discórdia entre dois ex-ministros da Saúde e o ex-capitão Jair Bolsonaro. Tanto Luiz Henrique Mandetta quanto Nelson Teich, ambos médicos, alertaram para os efeitos colaterais dos remédios, mas, mesmo assim, Bolsonaro defendeu o uso deles para a Covid-19, se achando mais competente que os médicos.
Esperamos que os pacientes contaminados com o Covid-19 se recusem a aceitar a cloroquina pois assim possam obter mais chances de sobrevivência.