quarta-feira, 13 de maio de 2020
13 de maio, 132 anos de abolição inacabada
Em 13 de maio de 1888 a princesa Isabel Cristina Leopoldina Augusta Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga de Bourbon-Duas Sicílias e Bragança assinava a chamada "Lei Áurea" que em tese acabava com a escravidão no Brasil. É importante falar sobre o 13 de maio, principalmente nas escolas. Não como uma data para se reverenciar a princesa ou comemorar algo que na prática não se efetivou de fato: a real cidadania dos negros e negras brasileiros.
Falar no dia 13 de maio é importante para tirarmos os holofotes da princesa e destacarmos a luz, o brilho e a importância de Luiz Gama, André Rebouças, José do Patrocínio e tantos outros homens e mulheres, negros e negras que foram ofuscados e silenciados pelo racismo e machismo dos registros historiográficos.
Hoje olho para o 13 de maio como uma data para emergirmos o protagonismo dos negro em sua própria libertação, pois não se deve esquecer que muito antes de 13 de maio de 1888, a população negra já organizava movimentos de resistência. Entre esses podemos citar as rebeliões nas senzalas, a formação dos quilombos, a revolta dos Malês, a Balaiada, a Sabinada, a Cabanagem. Os negros protagonizaram também a primeira tentativa de independência nesse país, através da formação do Quilombo de Palmares, um estado organizado e independente que durante mais de cem anos manteve-se firme diante dos ataques do colonialismo.
13 de maio é uma data que serve também para relembrarmos que há muito o que lutar, pois embora a lei Áurea tenha oficialmente extinguido a escravidão, ela se eximiu de incluir socialmente e economicamente os negros e negras, deixando-os à margem e à própria sorte. Por isso, não há o que se comemorar, pois a abolição no dia 13 de maio de 1888 não trouxe medidas e soluções eficientes para a integralização dos ex-escravos em nossa sociedade.
132 anos após a assinatura e oficialização da cidadania dos negros e negras, muitos ainda hoje se encontram em condições desiguais em relação à população branca.
13 de maio é portanto uma data para denunciarmos o racismo, a pobreza, a falta de oportunidades e trabalho, a disparidade entre brancos e negros, pois ainda são minoria no ensino superior, no magistrado, em cargos de liderança, na política, na publicidade, na literatura, no cinema e na ciência. A data serve para relembrarmos que é preciso continuar lutando pela inclusão social e econômica neste país que hoje concentra o maior número de população negra fora do continente africano.
Parte desta postagem foi copiada do site Justificando, de autoria de Luanda Julião