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" Estou aqui como mulher e como trabalhadora", afirmou em discurso
Em solenidade no fim da tarde da última sexta-feira (15), Maria Bethânia recebeu o título de Doutora Honoris Causa da Universidade Federal do Ceará (UFC).
Durante discurso, Bethânia lembrou que, apesar de não ter formação universitária, tem uma "longa e fértil amizade" com a universidade. Contou que a efervescência cultural da Universidade Federal da Bahia (UFBA) foi fundamental para sua formação como artista ainda durante a adolescência no início dos anos 1960. "Uma verdadeira casa de ensino não tem muro, apenas portas, sempre abertas", afirmou.
O título Doutor Honoris Causa é concedido a personalidades de fora da universidade pela sua contribuição em áreas como ciência, ensino, cultura e política. Na fala, Bethânia exaltou o legado de "três filhos do Ceará": o poeta popular Patativa do Assaré, a intelectual Maria Violeta Arraes e o compositor Humberto Teixeira, parceiro de Luiz Gonzaga na canção "Asa Branca"."Estou aqui, em primeiro lugar, como mulher. E digo isso a fim de marcar a necessidade sempre urgente de ampliar o lugar das mulheres na sociedade civil brasileira. E mais: estou aqui como trabalhadora", pontuou.
"É sempre o palco que me conduz. Esse lugar sagrado, lugar de festa, onde a menina de Santo Amaro fincou seus pés e de onde, em reverência, olha nos olhos da vida e canta", Bethânia disse emendando a canção "O que é, o que é", de Gonzaguinha. Os presentes cantaram juntos e a aplaudiram de pé.
O reitor da UFC, Custódio Almeida, afirmou em discurso que "a artista Maria Bethânia jamais de eximiu de defender e de pôr em discussão Brasis diversos, encobertos pela violência e pelos podres poderes. Em décadas de carreira, tem cantado as subjetividades de um país complexo". E completou: "Do alto dos seus 78 anos de idade, vividos em um país cuja relações de poder são expressivamente delineadas pela dominação masculina, branca, cristã, hétero-cis-normativa, Maria Bethânia defendeu sua autonomia dentro e fora do mercado da arte".
Fonte: BdF