quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Eleitor ficha suja


Tutty Vasques*

Assim que pegar pra valer entre candidatos, a Lei da Ficha Limpa deveria ser adaptada e estendida aos eleitores. Não é justo que se cobre bons antecedentes do Maluf e se mantenha impune o sujeito que votou, por exemplo, no Tiririca. Fosse ele penalizado quando elegeu o Enéas, o Pitta, o Collor ou o Jânio, já teria parado com essa palhaçada.

O “eleitor ficha-suja” não tem necessariamente, ao contrário dos candidatos de mesma designação, rabo preso com qualquer tipo de bandalheira. É, não raro, o mesmo cidadão que reclama do vale-tudo da política, como se tudo isso que aí está não tivesse nada a ver com seu voto. O gaiato analfabeto que agora estão mandando para o Congresso pode até ser cassado, mas outros virão em seu lugar se a brincadeira de mau gosto não for cortada pela raiz.

Como não há no Brasil cadeia suficiente sequer para os 1.353.820 que votaram no Tiririca, casos do gênero deveriam estar sujeitos a tabelas de multas e perda de pontos no título de eleitor, mais ou menos como funciona o código de trânsito para motoristas infratores. O bafômetro em boca de urna também ajudaria a evitar novos desastres provocados pelo voto-bêbado que elegeu uns e outros país afora.

*Tutty Vasques é colunista do Jornal O Estado de São Paulo.