domingo, 3 de novembro de 2024

Xica da Silva e Hilda Furacão vão virar ópera

Imagens: Reprodução/Internet

 Personagens entraram no radar da Orquestra Ouro Preto e da Fundação Clóvis Salgado, que se esmeram na produção de um novo e atraente catálogo operístico


Duas icônicas personagens retratadas na literatura e teledramaturgia brasileiras, ambas mulheres e mineiras, vão virar ópera. Hilda Furacão estreia primeiro, chegando a Belo Horizonte no dia 21 de novembro sob a batuta da Orquestra Ouro Preto (antes a produção passa por São Paulo nos dias 5 e 6). Já Xica da Silva, figura histórica que viveu no século XVIII, no Arraial do Tijuco, atual Diamantina, no Vale do Jequitinhonha, ganha sua versão operística em 2026, por encomenda da Fundação Clóvis Salgado (FCS), mobilizando a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, o Coral Lírico e a Cia. de Dança Palácio das Artes.

Baseada no romance homônimo de Roberto Drummond de 1991, Hilda Furacão já foi levada para a TV, na forma de uma minissérie exibida pela Globo com a protagonista vivida por Ana Paula Arósio. O papel, na nova adaptação, é assumido pela mezzo-soprano Carla Rizzi. Já o tenor Jabez Lima encarna o jovem frei Malthus, personagem que, interpretado por Rodrigo Santoro na televisão, lida com o dilema entre seguir sua vocação sacerdotal ou se render à paixão

O maestro Rodrigo Toffolo pondera que a nova versão não concorre com as anteriores, seja na literatura ou na teledramaturgia. “São produtos distintos e complementares, por isso, não cabe comparação”, avalia, acrescendo que, na verdade, a escolha está alinhada à identidade da própria Orquestra.

Esta será a segunda incursão da Orquestra Ouro Preto pelo universo da ópera. A estreia, no formato, foi com outro título popular: “O Auto da Compadecida”, obra original de Ariano Suassuna que se tornou um clássico do cinema nacional com Selton Mello e Matheus Nachtergaele como protagonistas. A empreitada, classificada como bem-sucedida pelo regente, pavimentou o caminho para a montagem de novos trabalhos operísticos.

O maestro destaca que, embora tenham elementos comuns, os dois espetáculos se diferenciam de muitas maneiras. “O primeiro era um texto para teatro enquanto, este segundo, é um romance, e, por isso, foi mais trabalhoso transpor sua história para um libreto”, explica, inteirando que a música original é assinada por Tim Rescala e a direção de cena de Julliano Mendes.

Hilda (uma mulher que abandona uma vida de prestígio para refugiar-se na zona boêmia de BH da década de 1950 e 1960) tem tudo que se procura em uma ópera: conflitos, reflexões, drama e comicidade balanceados. Além disso, ela é uma personagem feminina muito importante da nossa literatura, com a liberdade por princípio, mesmo que isso fosse contra as convenções sociais de sua época. 

Características semelhantes tem Xica da Silva, personagem que existiu e fez sucesso tanto no cinema, quando foi vivida por Zezé Motta, quanto na televisão, quando ganhou a forma de uma telenovela pela extinta Manchete, sendo interpretada por Taís Araújo.

Fonte e matéria completa em O Tempo