quinta-feira, 7 de novembro de 2024

Ministério da Justiça demarca terra indígena ameaçada pela "Ferrogrão" no Pará

 Imagem: Reprodução


O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski assinou a demarcação da Terra Indígena Sawré Muybu, localizada na bacia do Rio Tapajós, no Pará. A terra habitada pelo povo Muduruku, aguardava a finalização do processo há 17 anos.

Ocupando uma área de 178.173 hectares, a TI Sawré Muybu sofre com a ameaça do avanço da soja e do garimpo ilegal, além da construção de dois projetos de alto impacto do governo federal: a “Ferrogrão”, ferrovia que ligará o Pará ao Mato Grosso, e a hidrelétrica São Luiz do Tapajós. 

Com 933 quilômetros de extensão em traçado paralelo à BR-163, a Ferrogrão cortará pela metade o sul da Floresta Amazônica. Seu principal objetivo é levar as commodities agrícolas e minerais produzidas na região até a via fluvial para abastecer os grandes navios graneleiros que chegariam ao Oceano Atlântico e em seguida atravessariam o Canal do Panamá rumo à China e à costa oeste dos EUA.

Por seu alto impacto ambiental, os povos indígenas se posicionam contra a construção da rodovia, que afetará 6 terras indígenas, 17 unidades de conservação e 3 povos isolados

A homologação da demarcação segue para análise da Casa Civil

Desde 2007, o povo indígena Munduruku aguarda a demarcação da TI Sawré Muybu, localizada no município de Itaituba (PA). Naquele ano, foi solicitado a criação de um grupo técnico para estudar a delimitação da área. Somente em 2016, o documento foi aprovado. Desde então, os indígenas realizaram diversos protestos pela homologação da demarcação. 

Em 2023, um relatório do Grupo de Trabalho dos Povos Indígenas citava a TI Sawré Muybu como um dos territórios aptos para homologação imediata. Já em novembro, o Ministério Público Federal (MPF) alertou o Ministério da Justiça, sob comando de Flávio Dino, para a urgência da demarcação para frear “a invasão, destruição e apropriação indébita das terras federais de usufruto exclusivo dos indígenas, bem como sua destinação a grandes empreendimentos”.

Fonte: Revista Fórum