quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

JORNAL DE BH DENUNCIA E COLOCA SOB SUSPEITA COPASA E JUSSARA MENICUCCI


Em um ano, Copasa legitimou por convênio fraude equivalente a 50% de sua movimentação financeira; governo de MG nada fez

Diante da premiada impunidade, vem de forma exponencial aumentando nas empresas do governo de Minas iniciativas que possibilitam e facilitam a prática de fraude em licitações.

Exemplo desta promíscua prática é a utilização permanente pela Copasa de um modelo para contratação e execução de obras que deveria ser utilizado de maneira excepcional e raro, denominado “convênio”, no qual a Copasa delega aos municípios onde opera os sistemas de água ou esgoto, a realização de licitações e execução das obras que ela teria que realizar. Tudo em contra-mão à lógica da existência da própria empresa, pois o principal motivo alegado para a entrega dos sistemas de água e esgoto à Copasa pelos diversos municípios mineiros é a inexistência de condições operacionais das prefeituras.

De posse dos “convênios”, os prefeitos dão início as mais variadas e corruptas práticas possíveis, não sendo raro que empreiteiras com “prestígio” junto ao governo, a exemplo da Global Engenharia, cheguem nos municípios com os convênios já assinados pela diretoria da Copasa, negociando com os prefeitos apenas a comissão a ser paga.

Nas licitações realizadas pelas prefeituras tudo é permitido. As empresas combinam preços, fazem editais dirigidos, enfim, longe do alcance de qualquer fiscalização, fazem o que querem.

Exemplo desta situação é o convênio celebrado com o município de Lavras no valor de CR$ 20 milhões que no Edital 011/2006 gerou uma licitação ao dobro do convênio assinado entre o município e a Copasa, ou seja CR$ 42,7 milhões. Como poderia a prefeitura, em desobediência à lei de licitações, contratar uma obra sem indicar a fonte de recursos?

Sem qualquer pudor, a prefeitura dirigiu o edital que inclusive tornou-se motivo de contestação judicial. Não é por outro motivo que 60% das obras em execução no Estado estão paralisadas, pois o dinheiro “acabou”.

A situação de Lavras não é exceção. Ela se repete em quase 60% dos municípios mineiros operados pela Copasa. Em valores, no último ano, estes “convênios” representaram mais de 50% do valor da movimentação financeira da empresa.

Os empecilhos que existiam a esta prática foram removidos com o afastamento do departamento jurídico da empresa, sua terceirização através de um reconhecido contrato imoral. A situação na Copasa é tão grave que servidores de carreira da empresa tem se recusado a assinar documentos que, por incrível que pareça, continuam a tramitar sem sua assinatura.

A assessoria de imprensa da empresa, ao ser consultada, nada responde, como se nenhuma satisfação tivesse a dar. A versão interna corrente na Copasa é que a atual direção faz o que quer, pois a orientação é clara: “atender a quem financiou a campanha daqueles que indicaram os diretores”.

Mais uma vez, o Ministério Público tudo presencia e nada faz. Parte da Assembléia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) igualmente.


TEXTO PUBLICADO E ASSINADO PELO JORNALISTA GERALDO ELISIO DO JORNAL NOVO JORNAL DE BELO HORIZONTE