domingo, 2 de janeiro de 2011
Carta aberta
Companheira Presidenta,
Permita-me chama-la de companheira, pois estivemos juntos apesar de distantes em muitos momentos.
Militamos em grupos diferentes, mas com os mesmos objetivos: transformar o país em uma democracia.
Anos negros da ditadura militar que torturava e matava. Você sofreu na prisão, aos 19 anos, o horror da tortura. Eu aos 21. Éramos estudantes e fomos acusados pelo mesmo crime: o direito de pensar diferente, o direito de buscar um país livre da opressão.
Como você companheira, fui barbaramente torturado, “a tortura é um sentimento indescritível”. Tive a “sorte” de ficar preso por “apenas” nove meses, enquanto você penou por três anos, mas sofri uma prisão diferente, dois anos longe da pátria. Dois anos de tortura mental por não estar lutando contra a ditadura.
Foi com imenso orgulho, companheira, que assisti seu beijo na Bandeira Brasileira ao passar em revista as tropas, as mesmas tropas nos torturaram, nos humilharam e a grandeza de seu gesto mostrou que o Brasil, a democracia, a liberdade de pensamento, estão acima de tudo.
Obrigado por lembrar daqueles companheiros que sucumbiram nos porões da ditadura ou em confronto contra o regime militar que nos sufocava.
Lamarca, Marighella, Iara, Honestino, Chael, Hirata, Wladimir, Catarina, Manoel Fiel Filho, Joaquinzão, Paulo Stuart, Edson Luiz e muitos outros que deram a vida em nome da liberdade. Minhas homenagens.
Um abraço fraterno
Antonio Almeida