sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Palestinos preparam fundação de seu Estado


Os dirigentes palestinos encaram 2011 decididos a proclamar seu Estado independente, analisando as possíveis alternativas às negociações de paz com Israel, que não avançaram.

Símbolo da mudança de rumo adotada a partir da reunião árabe na Líbia, em 8 de outubro passado, o presidente palestino, Mahmud Abbas, colocou nesta sexta-feira a pedra fundamental da embaixada palestina no Brasil, um dos pioneiros a reconhecer o Estado palestino baseado nas fronteiras anteriores a junho de 1967.

Desde então, Abbas aceita considerar todas as alternativas, que vão de iniciativas diplomáticas a decisões radicais, como a suspensão dos acordos com Israel e até a dissolução da Autoridade Palestina.

Abbas defendeu hoje a adoção de um plano internacional de paz para substituir o atual processo, convertido em um instrumento "de gestão e não de resolução do conflito" no Oriente Médio.

Em seu discurso por ocasião do 46º aniversário da criação do partido Fatah, Abbas pediu ao "Quarteto para o Oriente Médio (EUA, ONU, União Europeia e Rússia) e às diferentes instituições das Nações Unidas, começando pelo Conselho de Segurança, que elaborem um plano de paz de acordo com a legalidade internacional, no lugar de continuar o que se tornou uma gestão e não um processo de resolução de conflito".

Os estrategistas palestinos visam a proclamação do Estado em setembro de 2011, aproveitando três circunstâncias: o fim do prazo fixado para negociações de paz diretas, o final do plano de dois anos estabelecido pelo premier Salam Fayyad para assentar as bases de um Estado e a realização da Assembleia Geral das Nações Unidas.

Diante da reticência de Estados Unidos, padrinho das negociações de paz, os representantes palestinos pensam em solicitar ao Conselho de Segurança o reconhecimento de seu Estado com base nas fronteiras de 1967, assim que obtiverem o apoio da maioria dos países.

Se isto não for possível, os palestinos poderão tentar o mesmo na Assembleia Geral, contornando um eventual veto de um dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança.

Nos próximos dias, o Conselho de Segurança analisará um projeto de resolução apresentado pelos palestinos e países árabes visando deter a colonização judaica, o que permitirá medir a determinação dos Estados Unidos de exercer seu direito de veto a favor de Israel.

Os israelenses estão alarmados com estes movimentos diplomáticos, que se traduzem pelo reconhecimento do Estado Hebreu por quatro países sul-americanos - Brasil, Argentina, Bolívia e Equador - e pelo auge das representações palestinas na Europa.

"Não me surpreenderia se no próximo ano o mundo inteiro, incluindo os Estados Unidos, reconhecesse um Estado palestino", admitiu em 26 de dezembro o ministro israelense Binyamin Ben Eliezer.

Se tais iniciativas não avançarem, os dirigentes palestinos preveem pedir a proteção da administração internacional, com a reativação do Conselho de Tutela da ONU ou um modelo semelhante ao de Kosovo.

A criação de uma administração internacional, no entanto, estaria ameaçada por um eventual veto dos EUA, admitem os responsáveis palestinos.

Fonte: Portal Terra