terça-feira, 24 de maio de 2011
Bob Dylan: 70 anos
Discreto e revolucionário, músico e poeta, Bob Dylan é isto e muito mais. É um artista intemporal que ganhou o seu lugar na memória coletiva de todos e em todo o lado. Dos Estados Unidos, terra onde nasceu, a Portugal, onde tem uma vasta legião de fãs, passando pela China onde atuou pela primeira vez este ano. São pais e filhos que ouvem a mesma música, uma música que vai ser sempre “Forever Young” (música do álbum “Planet Waves”, 1974).
Hoje com 70 anos e meio século de carreira, Bob Dylan já não é apenas uma figura da música. Dylan, que começou a escrever com apenas dez anos, mostrou que o rock e a poesia têm tudo a ver, tornando as suas músicas em verdadeiros símbolos da época que viveu. Ganhou o respeito do meio e tornou-se um símbolo da contracultura americana desde o início dos anos 1960, criticando o governo, na altura ‘ocupado’ com a guerra do Vietname, e unindo-se à luta pelos direitos civis.
As suas músicas são, ainda hoje, uma amostra daquilo que Dylan representou e representa na sociedade. Os seus valores e críticas estão bem claros e por isso ainda hoje as suas músicas são usadas como hinos nas lutas pela igualdade ou contra os governos opressores. São músicas políticas e por isso revolucionárias.
“Blowing in the wind”, “The times they are a-changing”, “A hard rain's a-gonna fall” ou “Ballad” são alguns dos temas que marcaram o seu percurso que conta já com 34 álbuns de estúdio, 13 discos gravados ao vivo e 14 compilações. São tantos os seus trabalhos como os anos de carreira.
Em várias ocasiões, Bob Dylan já explicou que as suas canções “não são sermões” mas apenas um reflexo da realidade por si observada. “Não sou o porta-voz de ninguém”, garantiu o músico.
A verdade é Bob Dylan é hoje um dos músicos mais influentes na história. Há quem diga que até os Beatles foram influenciados pela sua música pop, rock, country e folk. Ao longo dos anos têm sido muitos os músicos conhecidos e já com uma carreira estabelecida, como Bruce Springsteen ou David Bowie, que têm versões da música de Dylan.
Por onde passa, os concertos esgotam. Já foi alvo de livros e filmes e não tem por hábito dar entrevistas. Gosta de manter a sua privacidade longe das câmaras e apesar de o apelidarem de revolucionário, não alimenta polémicas. Prova disso é a recente controvérsia que o seu concerto na China gerou. O músico não comentou a sua ida inédita ao país asiático e nem depois falou sobre as notícias que o criticavam de ter sido conivente com o regime opressivo chinês. Deixou que falassem, até que respondeu. Num tom irónico e notoriamente chateado, Bob Dylan escreveu uma carta aos fãs onde negou qualquer pressão e criticou a imprensa.
O dia do seu aniversário fica ainda marcado pelo lançamento da sua biografia, "No Direction Home”, assinada por Robert Shelton e publicada pela primeira vez em 1986. A nova edição revela um Bob Dylan desconhecido do público que, em 1966, admitiu ter sido viciado em heroína num dado período da sua vida.
Dylan revelou esta sua faceta mais decadente numa entrevista de duas horas, transmitida pela BBC em 1966. As fitas da cassete terão sido perdidas ou mesmo esquecidas e como Dylan ainda não era o Bob Dylan de hoje, a polémica passou. Agora, a entrevista foi descoberta durante a pesquisa para esta nova biografia e os fãs conheceram mais um pouco da vida do músico.
Fonte: Publico