terça-feira, 18 de agosto de 2020

Curta metragem "Cicatrizes" aprovado para captação de recursos pela Lei de Incentivo a Cultura


 Na madrugada de 11 para 12 de outubro de 1913, após infrutíferas tentativas de dormir, Fernando Pessoa finalmente convenceu-se de que a insônia o havia derrotado. Então, resolveu escrever. Entretanto, desprezando sua especialidade – a poesia – pôs-se a dar forma a uma peça teatral cuja estrutura fugiria por completo da habitualmente utilizada pela esmagadora maioria dos dramaturgos e à qual batizaria de Teatro Estático.

“Chamo de teatro estático àquele cujo enredo dramático não constitui ação – isto é, onde as figuras não só não agem, porque nem se deslocam nem dialogam sobre deslocarem-se, mas sequer têm sentidos capazes de produzir uma ação; onde não há conflito nem perfeito enredo. Dir-se-á que isto não é teatro”. De fato, as premissas essenciais do poeta contrariam frontalmente a conceituação clássica do que vem a ser teatro, que pressupõe a evolução da ação dramática como decorrência dos conflitos entre os personagens.

Mas Pessoa acreditava piamente na validade de seu projeto, argumentando que “pode haver revelação de almas sem ação, e pode haver criação de situações de inércia, momentos de alma sem janelas ou portas para a realidade”. Ou seja, o poeta estava convencido de que os personagens poderiam revelar-se muito mais em função das palavras que trocassem do que das ações empreendidas. Estas poderiam ser abolidas, desde que o universo evocado transcendesse o espaço físico da representação.

Baseado neste contexto de Pessoa, fizemos a adaptação de seu texto, trazendo para uma realidade mais presente, sem deixar de preservar a história que Pessoa expôs em sua obra.

Assim, escrevemos o roteiro de “Cicatrizes” e buscamos um cenário condizente com o texto de Fernando Pessoa, o qual encontramos em Campanha, Minas Gerais.

Com uma produção totalmente sul mineira, atores e técnicos oriundos de Campanha, Cambuquira, Três Corações, Três Pontas e Varginha e beneficiados que fomos pela Lei de Incentivo à Cultura, buscamos agora patrocínio financeiro para concretizar o projeto que consiste na realização de um curta metragem de 15 minutos além de oficinas de cinema e palestras sobre a obra de Fernando Pessoa em vinte (20) escolas mineiras.