terça-feira, 29 de maio de 2012
Crônica de uma exoneração.
No dia de ontem, 28 de maio, fui exonerado do cargo comissionado de Secretário Municipal de Cultura, fato que ao invés de me deixar abatido, pelo contrário, me tirou um peso das costas ao ter que defender, perante a população, o indefensável.
Na verdade o desgate entre a Secretaria de Cultura e o Prefeito já vinha ha algum tempo. No Carnaval, por exemplo, tirei férias para não ter que assinar, como Secretário, as contratações de artistas sem licitação. Sei que não é ilegal, mas em uma administração que quer se mostrar como transparente, contratar sem licitação é no mínimo imoral em se tratando de grupos que nem gravam mais, tal o desinteresse popular pelos mesmos.
Ainda no Carnaval, usei um abadá que estava grafado nas costas uma pseudo candidatura minha para 2016, o que irritou profundamente o prefeito, levando-o a me questionar sobre o fato, que apenas o lembrei que se eu quizesse ser candidato em qualquer época ele não tinha nada a ver com isso.
Deixando isso de lado, tornou-se impossível qualquer projeto cultural para a cidade, vez que sempre esbarrava na negativa do chefe do executivo e éramos obrigados a ter sempre atividades ligadas ao pagode (nada contra), mas existem dezenas de outros gêneros musicais que poderiam trazer atividades diferentes para a população.
Em vista de tudo isso, não querendo abandonar a administração, sugeri ao prefeito que me deslocasse para outra função e o mesmo me solicitou que continuasse na Cultura, por ser minha área. Confesso que aceitei a contragosto, já que não via qualquer possibilidade de ação cultural na cidade em vista da própria visão do prefeito sobre cultura.
Um dos problemas que enfrentei foi com relação a Chácara das Rosas, a gual pretendia transformar em Centro Cultural e todos os projetos apresentados quer no Governo Federal quanto Estadual não foram aprovados. Mas eis que surgiu uma oportunidade de ser aprovado, quando o Ministério da Justiça,através do programa de direitos difusos e coletivos abria uma excelente oportunidade para tal. Refizemos o projeto e como o prefeito viajaria para Brasília na véspera do prazo fatal para dar entrada o mesmo se comprometeu a levá-lo.
O que aconteceu? O prefeito viajou esquecendo toda a documentação que deveria levar, inclusive o projeto da Chácara das Rosas e seu celular. Enviamos o projeto via Sedex mas infelizmente não chegou em tempo hábil. Mais uma vez criticamos a falta de compromisso da administração com a Cultura.
Nem vou citar aqui a questão da Biblioteca Municipal, que sofre de total descaso e nem o nome oficial conseguem grafar direito.
Finalmente, na última quinta-feira aconteceu o fato grave. Estava de férias mas estive na Prefeitura e como havia deixado minha mesa preparada para a inclusão de vários projetos nos sistemas estadual e federal me exaltei quando vi a mesa "arrumada". Tinham juntado todos os documentos em uma pilha. Realmente falei alto e reclamei. Soube depois que o prefeito falou que eu estava alccolizado. Ele nem presente estava. E confesso que gosto de uma cerveja à refeição, porém justamente naquele dia estava com uma crise de gastrite e bebi água mineral, inclusive estava presente ao restaurante um vereador.
Pois bem, a noite recebí uma ligação do prefeito reclamando de meu tom alterado e me acusando de ter utilizado a impressora da Prefeitura para tirar duas cópias particulares. Repito duas cópias.
Essas cópias foram tiradas para uma amiga minha, que por coincidência é a companheira do pai do prefeito e o senhor prefeito com todo seu espírito cristão, que o leva a rezar todos os dias, mantém um ódio contra ela.
Foi errado tirar cópias(2) para uma pessoa fora dos quadros da Prefeitura. Pode ser. Mas o que me diz o Sr. Prefeito quando disponibiliza sua então Secretária para tirar centenas de cópias de sua(?) monografia e ainda utilizando mais um cargo comissionado e veículo oficial para levar as cópias para a faculdade em Varginha. Dois pesos e duas medidas?
O próprio irmão do prefeito tem usado a Prefeitura como se dele fosse, telefonemas, correspondências, etc, para não falar de fatos outros.
Não queria estar desabafando aqui dessa maneira, mas estar sendo acusado de estar alcoolizado e ser punido porque imprimi duas cópias para pessoa a quem o prefeito nutre ódio me levou a isso.
P.S. Como no almoxarifado não tinha tinta para reposição, eu comprei tintas para a impressora colorida e publico a seguir as provas de minha indisciplina.