sábado, 25 de junho de 2011

Namoro na adolescência: diferença de idades.


Sob o ponto de vista da psicologia, diferenças cronológicas expressivas entre um jovem e seu par representam, sim, problemas. "O pai deve conversar com o filho e explicar que não haverá igualdade na relação. Deve mostrar que o poder de convencimento do adulto é maior e que um não irá se adaptar ao grupo do outro. Se não houver convencimento, resta proibir. A família não pode se furtar dessa responsabilidade", diz Ailton Amélio da Silva, doutor em Psicologia pela Universidade de São Paulo (USP) e especialista em relações amorosas.

Segundo ele, "é natural que a adolescente busque rapazes mais velhos porque, em geral, meninos da mesma idade não são interessantes aos olhos dela." Essa diferença, contudo, não deveria ultrapassar os três anos.

No livro "O Mapa do Amor", Silva explica que um dos 32 critérios que norteiam a escolha de um parceiro é a identificação. "Isso se traduz em valores, escolaridade e idades similares. O que pode existir de similar entre pessoas de 16 e 30 anos? É claro que existem exceções, mas estar tão fora dos padrões culturais pode indicar problemas psicológicos por parte do mais velho que se interessa pelo muito mais novo", analisa.

Silva explica que segundo a psicobiologia o interesse por uma mulher jovem está associado ao instinto de procriação. "Como a mulher passa pela menopausa chegará um momento em que não poderá oferecer descendentes. Isso explicaria o porquê de uma procura por sinais de juventude, o que é bem diferente de buscar sinais de infantilidade! O ápice da juventude feminina representa os 24 anos", enfatiza. "Além disso, pesquisas mostram que quanto mais atrasada uma cultura, maior é a diferença de idade entre os cônjuges. Na África, a diferença média chega a nove anos e na Europa é quase zero. Para o Brasil são estimados três anos."

Na opinião da médica Verônica Coates, coordenadora do Grupo de Adolescência do Departamento de Pediatria da Santa Casa de Misericórdia de SP, "adolescente deve namorar adolescente". Para ela, o interesse da menina por adultos reflete uma fragilidade na estrutura da família nuclear, formada por pai e mãe. "É possível que falte uma figura paterna forte. Independentemente do que leva ao romance, a família deve dialogar. Com o jovem, ou você tem bons argumentos para convencê-lo ou está perdido. Não se consegue proibir porque a faixa etária é desafiadora", diz.