sexta-feira, 9 de julho de 2010

30 anos sem Vinicius


Há exatos 30 anos, o Brasil e o mundo davam adeus a um dos maiores artistas brasileiros do século 20. Poeta, compositor, dramaturgo, jornalista e diplomata, Vinicius de Moraes foi não somente um multiartista, mas um homem lírico, que levou poesia sempre a seu lado em tudo que realizou nos seus 66 anos de vida.
Nascido no Rio de Janeiro em 19 de outubro de 1913, Marcus Vinicius de Moraes morreu em 9 de julho de 1980, deixando uma extensa obra na literatura, música, teatro e cinema, com parcerias na música brasileira que incluem nomes como Tom Jobim, Toquinho, João Gilberto, Chico Buarque, Carlos Lyra e Baden Powell.
Boêmio, era fumante inveterado e grande admirador de uísque. Poeta, amou as mulheres como poucos, retratando o amor idealizado e/ou consumado em suas canções e poemas. Casou-se oito vezes: em 1939 com Beatriz Azevedo de Mello, com quem teve os filhos Suzana e Pedro; em 1951 com Lila Maria Esquerdo e Bôscoli com quem teve as filhas Georgiana e Luciana; em 1958 com Maria Lúcia Proença; em 1961 com Nelita Abreu Rocha; com Cristina Gurjão em 1969; com a atriz Gesse Gessy em 1971, com a qual tem a filha Maria; com Marta Rodrigues Santamaria em 1976; e, finalmente com Gilda de Queirós Mattoso em 1978, com quem permaneceu até a morte.
O interesse de Vinicius pela poesia começou aos 14 anos quando, estudante de uma escola de padres jesuítas, cantava no coral e montava pequenas peças de teatro. Aos 17 anos, já era graduando em Ciências Jurídicas e Sociais, da qual se formou em 1933, mesmo ano da publicação de seu primeiro livro, Caminho para a Distância. Em 1928 escreve sua primeira canção registrada (Loira ou Morena), com Haroldo Tapajós, e torna-se grande amigo do romancista Otávio Faria, que foi seu grande incentivador na carreira literária, além de nomes importantes como os poetas Manuel Bandeira, Mário de Andrade e Oswald de Andrade.
Estudou língua e literatura inglesas na Universidade de Oxford e, de volta ao Brasil, tornou-se crítico de cinema no jornal A Manhã, além de colaborador da revista Clima. Nos anos 40 torna-se vice-cônsul em Los Angeles, seu primeiro cargo diplomático, sem deixar de lado a vida boêmia e cultural, revezando as horas vagas para encontros na casa do escritor Sérgio Buarque de Holanda.
Consagra-se em 1956 com a peça de teatro Orfeu da Conceição, transposto para o cinema pelo diretor francês Marcel Camus com o título de Orfeu Negro, que levou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e a Palma de Ouro no Festival de Cannes em 1959.
Nessa época, sua carreira musical decola de vez ao conhecer Tom Jobim, com quem desenvolveu uma das mais produtivas parcerias musicais, com canções como Lamento no Morro, Se Todos Fossem Iguais a Você, Um Nome de Mulher, Mulher Sempre Mulher, Eu e Você, A Felicidade, Chega de Saudade, Eu Sei Que Vou Te Amar, Insensatez, Água de Beber e a emblemática Garota de Ipanema. Inspirada em Helô Pinheiro, Garota de Ipanema foi escolhida, em 2005, como uma das 50 grandes obras musicais da Humanidade pela Biblioteca do Congresso Americano.
No final de 1968, o AI-5 imposto pelo Regime Militar lhe institui do cargo, alegando que a boemia de Vinicius atrapalhava suas funções como diplomata. Em 1970 torna-se próximo do músico Toquinho, outra parceria que rende belos frutos à MPB.
Operado no dia 17 de abril para a instalação de um dreno cerebral, Vinicius volta ao trabalho e, na noite de 8 de julho, enquanto prepara os acertos finais do álbum Arca de Noé com o amigo Toquinho, alega cansaço e se retira. Na manhã do dia 9, passa mal na banheira e, mesmo socorrido pela empregada, pelo amigo Toquinho e pela mulher Gilda Mattoso, morre de um edema pulmonar em sua casa na Gávea, Rio de Janeiro.
Vinicius de Moraes se foi, mas o "poetinha" - como era conhecido - deixou, diferentemente do seu apelido, uma obra vasta e grandiosa de suma importância para toda a cultura brasileira.