sábado, 2 de junho de 2018
"O Cravo e a Rosa no Canal Brasil"
A cultura brasileira passa invariavelmente pelo talento de Rosamaria Murtinho e Mauro Mendonça. Figuras cruciais para o teatro, cinema e a televisão do país. A trajetória de vida e de mais de seis décadas de trabalho desses renomados intérpretes ganha uma merecida homenagem em documentário dirigido por Jorge Farjalla. O filme, idealizado e produzido pela minha filha Kellys Kelfis, passeia cronologicamente pela história do casal correlacionando suas trajetórias pessoais com os muitos papeis vividos por eles na dramaturgia. Os protagonistas lembram como se conheceram, os primeiros passos da vida a dois, o nascimento dos três filhos, o início da carreira no teatro e as experiências iniciais nos primórdios da televisão. Imagens de arquivo ilustram os depoimentos concedidos com cenas de novelas, fotos e filmagens de peças de teatro por eles estreladas. A película resgata cenas de A Muralha, eleita pelo ator como o papel mais importante de sua carreira, e as montagens de Letti Lotte, estrelada por Rosamaria ao lado de Nathalia Timberg sob direção de Bibi Ferreira, e Doroteia, texto de Nelson Rodrigues também dirigido por Jorge Farjalla.
O talento de Rosamaria Murtinho e Mauro Mendonça é reverenciado por grandes nomes dos palcos, da televisão e do cinema brasileiros, que revelam curiosidades sobre a intimidade dos cônjuges. Nathalia Timberg lembra como Mauro era capaz de arrancar gargalhadas da plateia com pequenas intervenções em seu primeiro espetáculo teatral – a montagem da peça O Sedutor realizada pelo TBC em 1955. Fernanda Montenegro confidencia como os protagonistas começaram um namoro atrás das cortinas antes de uma sessão de Rua São Luís, 27 — 8º Andar, relacionamento consolidado com uma cerimônia de casamento na capela do Teatro Tablado, local apropriado para celebrar a união de dois artistas. Tony Ramos comenta a admiração pela atriz desde A Moça Que Veio de Longe, folhetim protagonizado por Rosamaria em 1964. Sempre bem-humorados, os artistas discorrem sobre uma carreira que se confunde com a própria história da cultura brasileira no último século.