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A DEMOCRACIA BRASILEIRA CONTINUA EM PERIGO
Na tragédia Júlio César, de Shakespeare, ao aderir à conspiração contra o ditador Júlio César, Brutus o compara a “um ovo de serpente, que, uma vez chocado, por sua natureza, se tornará nocivo, razão pela qual deve ser morto quando ainda na casca”. Em 1977, inspirado na fala shakespeariana, o cineasta sueco Ingmar Bergman deu o nome de O Ovo da Serpente a um filme que mostra o início da ascensão do nazismo na Alemanha. Desde então, a expressão tem sido usada para se referir a movimentações de cunho nazifascista, talvez como intuição de que, como dizia Mark Twain, “a história nunca se repete, mas ela rima”.
As manifestações bolsonaristas nas últimas semanas do ano revelaram que a extrema direita ainda está atuante em todo o país, mesmo após os escândalos de corrupção envolvendo Jair Bolsonaro (PL) e a frustrada tentativa de um golpe de Estado no dia 8 de Janeiro do ano passado. Os bolsonaristas se manifestaram contra a indicação de Flávio Dino ao Supremo Tribunal Federal (STF) e em relação à morte de Cleriston Pereira da Cunha no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília. O suspeito estava preso por participar dos atos golpistas do 8 de Janeiro que culminaram na invasão e quebradeira nas sedes dos Três Poderes.
As manifestações são um indício de que o bolsonarismo "ainda goza de uma fatia importante da opinião pública", segundo André Kaysal, professor do Departamento de Ciência Política da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). A análise é que, ao longo do governo do ex-presidente, o bolsonarismo foi capaz de consolidar uma base de apoio muito forte.
Por essas razões é vital que as forças democráticas continuem atentas e isolem cada vez mais a extrema direita fascista mandando para a prisão aqueles praticantes de atos antidemocráticos e, principalmente, o mentor de tais atos.