quinta-feira, 30 de abril de 2020
O terrivelmente evangélico comete o primeiro pecado ao chamar amigo de miliciano de profeta
Matéria transcrita do Portal de Notícias @jornalismo.online, assinada por José Lopes: Após muitas especulações sobra a ida de Sérgio Moro para o Supremo, Bolsonaro quebrou o acordo que levou o ex-juiz e herói da Lava Jato a integrar o seu governo. Em setembro do ano passado, anunciou que a vaga seria ocupada por alguém “terrivelmente evangélico”, se referindo a André Mendonça. Foi quando Moro se recolheu e começou a se preparar para entrar na política, caso seu nome não fosse indicado. Por outro lado, Mendonça aguardava a sua promoção, enquanto sua esposa “dobrava os joelhos”.
A entrada de André Mendonça como ministro da Justiça não foi surpresa, Ibanes, governador do DF, já havia dito que Bolsonaro teria um nome “100 vezes melhor” que Moro. Ao assumir, o “terrivelmente evangélico” comete o seu primeiro pecado; chamando de “profeta de combate a corrupção”, um homem que é admirador dos piores ditadores, defensor de milicianos, grupos de extermínios e autor de declarações assustadores contra os Direitos Humanos.
Além de tudo, se colocou como “servo” um termo arcaico para escravo; ele não precisava ter dito uma frase tão infeliz. André Mendonça foi criado numa família religiosa e frequenta a Igreja Presbiteriana onde atua como pastor. Tem qualificação para o cargo, pois é formado em Direito, Ciências Jurídicas e Sociais, Bacharel em Teologia e outras especializações; tem o perfil técnico e um vasto curriculum.
Estava atuando como chefe da AGU (Advocacia-Geral da União) até que na madrugada de 28 de abril de 2020, teve sua nomeação publicada no Diário Oficial da União (DOU) para assumir o Ministério da Justiça e Segurança Pública, após o pedido de exoneração do então ministro Sérgio Moro. Ao chamar o seu chefe de “Profeta” (espécie de santo) e a si mesmo de “servo”, um sinônimo para escravo, deu sinais de submissão.
Ele é altamente qualificado e tem um vasto curriculum, no entanto, ficou claro que será mais um protetor e defensor do projeto messiânico da seita bolsonarista. Demonstrou isso antes de assumir como ministro, ao defender que, “Agora não é um bom momento para criminalizar a propagação de fake news, as notícias falsas publicadas com o objetivo de difamar”, argumentando que se trata de liberdade de expressão.
Como sabemos, os filhos do presidente são acusados de estarem por trás do chamado “Gabinete do Ódio” e na propagação das notícias falsas. Se colocar como servo do clã dos bolsonaros não é compatível com as suas qualificações e com o cargo que ocupa.