quinta-feira, 5 de dezembro de 2013
De políticos e "políticos"
Artigo de minha autoria publicado no Jornal de Cambuquira, edição nº 548.
“Política é a arte de conquistar, manter e exercer o poder, o governo”.
Maquiavel.
A política é a arte ou a ciência da organização, direção e administração da cidade, do Estado, da Nação.
Infelizmente, principalmente no Brasil, os ditos políticos que exercem essa arte ou ciência não têm o pré-requisito fundamental de educação para exercer os cargos para os quais foram eleitos ou nomeados.
É comum, por exemplo, governar por interesses distribuindo cargos de confiança a amigos, aliados políticos, parentes, em detrimento àqueles com capacidade técnica suficiente para exercer tais cargos.
É até compreensível a atitude desses ditos políticos vez que em sua maioria, não tem qualquer noção de administração e foram eleitos por serem “bonzinhos”, por terem padrinhos poderosos, por conseguirem enganar o povo com falsas promessas, etc.
Reconhecemos esses políticos ao recorrermos aos ensinamentos de Nicolai Maquiavel: “o primeiro método de estimar a inteligência de um governante é olharmos para os homens que tem à sua volta”. Quando o governante se cerca apenas de amigos e aliados políticos, visando apenas o interesse próprio e não da comunidade, percebemos seu grau de fraqueza administrativa e de total falta de sensibilidade do que é a verdadeira arte da política.
Outro fato que distingue o político do “político” é sua extrema necessidade de se auto promover, enquanto os verdadeiros políticos mostram sua competência pela conduta que exerce o poder, os outros precisam fazer carreata, soltar fogos de artifício, etc, para mostrar ao povo suas conquistas, mesmo que seja apenas um veículo ou aparelho de RaioX doado por alguma instituição.
O verdadeiro político ao discursar sempre se refere ao seu trabalho, na terceira pessoa: “nós iremos”; “nós fizemos”. Enquanto o outro sempre está a dizer: “eu irei”, “eu farei”, “eu sou o melhor”. Está sempre na primeira pessoa e se auto-promovendo como o grande líder.
O falso político sempre está a justificar sua fraqueza ou sua incompetência nos governantes passados, “herdei uma dívida imensa”, esquecendo-se que quando se candidatou ao cargo sabia, e não raras vezes utilizou do fato para se eleger, das dívidas de administrações anteriores. Mas está sempre acreditando na curta memória do povo.
Ao mesmo tempo em que culpa os adversários ex-administradores pela falta de recursos na administração, promove festas gigantescas contratando artistas que agradarão a população invertendo assim as prioridades, pois enquanto faltam recursos para a saúde, educação, segurança pública, saneamento (culpa das administrações anteriores), sobra para shows do agrado de seus eleitores.
Mais uma vez recorro a Maquiavel para exemplificar esse comportamento do “político” que tanto conhecemos: “Mas a ambição do homem é tão grande que, para satisfazer uma vontade presente, não pensa no mal que daí a algum tempo pode resultar dela..”.
Os políticos têm responsabilidades em áreas de gestão e de tomada de decisão que exigem conhecimentos em economia, finanças e administração pública e o que vemos em sua maioria, são pessoas totalmente desqualificadas para os cargos que ocupam e que atendem somente aos seus próprios interesses ou a de parlamentares dos quais são meros marionetes e captadores de votos.
Precisamos repensar a política que queremos para nosso País, nosso Estado e, principalmente, nossa cidade. O voto é a maior arma que possuímos e não podemos mais eleger os despreparados.
Ninguém se entrega a qualquer atividade sem um preparo. Todavia, cada um acha-se bastante qualificado para o mais complexo de todos os negócios: governar. (Sócrates).