terça-feira, 13 de julho de 2010
Cala a boca, Jabor!
Não é mais novidade que Arnaldo Jabor é atualmente, o grande ideólogo da “Burguesia democrática” brasileira. Um Neo-liberal daqueles insuportáveis, que quer ver o Estado sucateado e a iniciativa privada dando as cartas na economia, se constrói como grande figura em momentos de crise, emergindo como um homem que faz críticas oportunas em momentos certos.
São esses, os homens que dão mais medo: Eles são a salvação da lavoura, mesmo quando não tem proposta alguma em tentar derrubar as propostas alheias.
Jabor se mostrava um homem em equilíbrio constante, por ser o centro perfeito: Nem direita, mas muito menos Esquerda.
Quando Arnaldo Jabor diz que “os brasileiros sãos burros”, que “o governo é bolchevista” e que vai nos fazer falta “uma grande mulher como Ruth Cardozo”, depois de nos vomitar que a América Latina não pode mais tolerar os “Narco-guerrilheiros e terroristas do último bastião da Esquerda” das FARC, podemos ficar tranqüilos: Ele está rolando o mesmo vinil, engasgando com a mesma faixa da Direita tucana.
O que não se pode agüentar é ele jogando merda no ventilador e dizendo que “está fazendo a sua parte”. Segundo nosso nobre herói “nunca houve um governo tão corrupto na nossa História”. Mas entenda-se: Jabor não viveu aqui nos últimos 500 anos. Se Jabor cuidasse da sua memória, lembraria que o governo anterior a Lula, teve a maioria de seus ministros implicados em denúncias de corrupção, improbidade administrativa, desvios de verba; lembraria que a emenda da reeleição foi negociada com os partidos da base aliada num escândalo que já em 1997 recebeu o sugestivo apelido de “mensalão”; que muitas das privatizações que ele lembra com saudades são contestadas na justiça por terem causado danos financeiros ao Estado brasileiro; que o Governo de FHC causou a maior quebradeira do país enquanto saudava as dívidas dos bancos privados; que “a grande mulher que vai nos fazer falta”, Dona Ruth Cardozo, “caridosa para com os humildes” foi implicada em graves denúncias de corrupção e apoiou FHC e seus asseclas no desmonte do patrimônio público, dando de mão beijada para os investidores estrangeiros, uma série de empresas estatais que davam lucro e pertenciam ao povo brasileiro.
É esse governo, corrupto, sórdido, mesquinho e entreguista que Jabor quer de volta. Um Governo que comemorou os 500 anos da invasão portuguesa e do massacre dos indígenas aqui residentes, com um banquete oferecido aos europeus! Por isso, não é de se estranhar que o Governo Lula seja “o mais corrupto da História”. Lula, apesar de suas contradições, equívocos e tiros n´água tem avançado nas questões sociais e empreendido um programa de inserção do capital estatal na economia. Conta também com o apoio de inúmeros movimentos sociais e abre o dialogo com o MST e a Via Campesina. Para Jabor, isso é o fim. É um infarto na democracia que ele defende.
Não devemos ver Arnaldo Jabor como um simples comentarista. Ele é, na verdade, porta-voz de uma causa: dos que não tem causa alguma a não ser desfrutar da vida enquanto milhões de pessoas passam fome. Por isso, por esse desapego, diz o que quer; acredita ele que a democracia é feita de bons vinhos, boas festas e noites entre os intelectuais, enquanto grande parte da população está sujeita ao crivo da “República dos sociólogos”. Arnaldo Jabor ridiculariza a “Luta de classes” como um extravio do passado, uma relíquia enfadonha que só sobreviveu na América Latina por que somos "sub-desenvolvidos", mas é uma prova viva da mesma, estando na defesa intransigente dos direitos da sua própria classe. Quando alguém esbarra nos seus direitos, é dever desse (pseudo) Dom Quixote pitoresco partir para o ataque: Contra o MST, as FARC, contra Lula, contra quem roubou uma maçã por que não agüentava mais de fome; Jabor é um Cossaco que não tem mais Czar para defender e agora atira em qualquer sombra que se mova ao rondar o Kremlin; É uma carruagem do velho regime que insiste em rodar pelas mesmas ruas sonhando com os holofotes de antes.
Ainda que defendamos o direito inalienável de expressão, o direito inabalável do pensamento e da crítica como base para uma democracia verdadeira, entendemos que há uma coisa que a Imprensa deve sempre lembrar, que é a ética jornalística de analisar os fatos de forma imparcial e de acordo com a verdade dos acontecimentos. Arnaldo Jabor, assim como Lazier Martins e Diogo Mainardi, está se lixando para isso. Em decorrencia, não nos pode fugir à cabeça a seguinte frase ao vê-lo com aquele sorriso sarcástico e tucano:
Cala a boca, Jabor!!!
Copiado do blog "Tamo Ai na Relatividade"