sábado, 26 de setembro de 2020

FREDERICK WASSEF, ADVOGADO E AMIGO DOS BOLSONAROS FOI INDICIADO POR PECULATO E LAVAGEM DE DINHEIRO

 Imagem: Reprodução



O advogado Frederick Wassef, em cuja casa de sua propriedade Fabrício Queiroz estava escondido, e que já atuou para o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e um de seus filhos, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), foi denunciado hoje pela força-tarefa da Lava Jato no Rio de Janeiro sob acusação de lavagem de dinheiro e peculato (desvio de dinheiro). O Ministério Público Federal afirma que R$ 4,6 milhões em recursos públicos foram desviados por meio de falsos contratos de prestação de serviços advocatícios. A denúncia é um desdobramento da operação "Esquema S", que apura suspeitas de fraudes em entidades do Sistema S do Rio. Além de Wassef, outras quatro pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público Federal: Orlando Diniz, o ex-presidente da Fecomércio-RJ; o empresário Marcelo Cazzo; e as advogadas Luiza Nagib Eluf e Marcia Carina Castelo Branco Zampiron. Wassef disse que prestou os serviços e recolheu impostos, mas destacou que sua cliente era Luiza Eluf, e não a Fecomércio. Ex-procuradora do Ministério Público, Luiza Eluf negou crimes e disse que prestou os serviços para os quais foi contratada. A defesa de Cazzo disse que apresentará provas de sua inocência numa denúncia "descabida" (veja mais abaixo). O grupo é acusado de crimes cometidos a partir do desvio de R$ 4,6 milhões das seções fluminenses do Sesc, Senac e da Fecomércio. Os procuradores afirmam que os desvios ocorreram de dezembro de 2016 a a maio de 2017 sob pretexto de prestação de serviços advocatícios à Fecomércio-RJ. Desse valor, R$ 2,68 milhões teriam ficado com Wassef, segundo a denúncia. O contrato foi assinado com o escritório de Luiza Eluf, advogada e ex-procuradora do Ministério Público de São Paulo. No entanto, as investigações apontaram que o escopo contratual era falso, porque ou os serviços não foram prestados ou foram prestados no interesse exclusivo de Orlando Diniz para, por exemplo, perseguição de adversários pessoais, segundo o MPF. Os novos fatos se somam aos que já haviam sido reportados em denúncia anterior da Operação "Esquema S". "Os membros já denunciados da organização criminosa se valiam do uso de contratos falsos com escritórios dos réus ou de terceiros por eles indicados, em que serviços advocatícios declarados nos contratos não eram prestados, mas remunerados por elevados honorários", informou o MPF. Segundo os procuradores, os valores desviados eram públicos. "Os recursos dos Sescs e Senacs têm origem pública, pois a Receita Federal repassa de contribuições sobre folhas de pagamento de empresas comerciais para eles investirem na capacitação e bem-estar de comerciários", descreve o comunicado do Ministério Público.