segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

JESUS:Uma Invenção do Império Romano.

Durante muitos anos, segui a doutrina imposta pela igreja católica. Mas na época meu espírito crítico não era tão crítico quanto hoje; eu até acreditava em deus, Jesus e outras crenças ou castas hereditárias. Estas coisas que se passam de pai para filho, e cada filho se torna mais uma das vítimas. Mas aí eu comecei a raciocinar, a procurar fontes históricas que não fossem a bíblia. Entre tantas leituras, encontrei Nietzsche. Meu conceito de universo foi mudando, mas não exatamente por causa de Nietzsche. Nele apenas me apeguei em seu raciocínio. Em muitas coisas discordo dele. Se eu já acreditava na teoria evolucionista de Leonardo Bolf, em oposição à criacionista, em finais dos anos 90, passei a negar a existência de um deus. E nisto Nietzsche foi fundamental. Mas não neguei Jesus. Não historicamente. A princípio realmente existiu um líder religioso no início da era cristã que pregava na região de Israel e que atendia pelo nome de Jesus. Só que a vida dele é bem menos grandiosa do que a fama que foi criada em torno de seus feitos. É mais ou menos como eu vou resumir a seguir: José e Maria chegaram a Belém, foram até um estábulo e Jesus nasceu. Aí quando a criança tinha dois anos, Heródes mandou matar todas as crianças com idade menor ou igual dois anos. A família de Cristo fugiu da cidade. Com doze anos, Jesus foi até Jerusalém com os pais e arrumou uma confusão com alguns religiosos. Aos trinta anos ele foi batizado por João Batista e pirou. Se com doze anos ele achava que era filho de Deus, com trinta ele tinha certeza disso. Aí ele decidiu virar religioso e dizer que a verdadeira alternativa era o Judaísmo. Assim como outras figuras históricas (Buda, Confúcio, Inri Cristo), Jesus conseguiu arregimentar seguidores. Doze, pra ser exato. Na verdade eram uns desocupados, ou puxa-saco, que foram nomeados apóstolos. Então Jesus ficou três anos “fazendo” cegos enxergarem, paralíticos andarem, portadores de hanseníase ficarem com a pele boa, contando histórias e ditando seus ensinamentos a doze pessoas. Mas doze pessoas era um número pequeno. Nazaré tinha ficado pequena pro filho de Maria. Aí numa sensacional jogada de marketing ele decidiu ir pra Jerusalém pra expandir seu negócio. O problema foi que ele chegou a Jerusalém no meio do Pessach, a popular Páscoa judaica, montado num burro e enaltecido pelo povo. Não contente, foi até o templo, expulsou um pessoal que vendia umas paradas e foi dizendo que era filho de Deus. O pessoal do templo ficou bolado e mandou prendê-lo. Levaram-no até Pôncio Pilatos que disse para o povo fazer o que quisesse com Jesus. Aí mataram e crucificaram-no, algo que na época era um procedimento comum feito com quem se metia a besta. Então tinha tudo pra dar errado. Um cara que tinha juntado 12 seguidores em toda a sua vida de pregador e que não deixa nenhuma obra escrita (há quem afirme que Jesus era analfabeto) chega numa das maiores cidades do mundo, é preso, condenado e executado. Tinha tudo pra ser esquecido pelo povo. Mas aí entra Paulo de Tarso, o maior marqueteiro da história. Ele pega a história de Jesus, bota umas coincidências divinas aqui, uns acontecimentos messiânicos ali, umas tentações demoníacas acolá, escreve umas epístolas e pronto: surgiu o Novo Testamento. Com uma coleção nova e inteirinha de livros que falavam de um deus que pregava o amor, a compreensão e a fraternidade em oposição àquele que mandava pragas, inundava o mundo e mandava as pessoas sacrificarem os próprios filhos, os cristãos foram aumentando seu número nos arredores de Galiléia. Só que isso não era suficiente. Durante anos os Cristãos foram perseguidos por Roma, exatamente até 335 dc quando o imperador romano Constantino por pressão cedeu liberdade religiosa. Mas era uma liberdade vigiada. A religião oficial ainda era a de Roma, os deuses, porque não queria uma nova religião atrapalhando o Império. Eles eram como tiranos no governo Truman, com a diferença que o governo apoiava oficialmente as mortes dos perseguidos. Mas isto durou só até o século IV, quando Flavius Theodosius (último imperador romano), para salvar o governo romano, decidiu que os cristãos não seriam mais comida de leão. Aí pra se tornar a religião oficial de um terço dos humanos foi um pulo. Tipo uns 1600 anos. Mas aí chega o ponto que eu queria: se não fosse por Paulo e Flávio, o cristianismo teria morrido. Jesus teria tido os seus doze seguidores – um pouco menos que Inri Cristo – durante alguns anos e depois tudo teria acabado. Se não fossem os relatos dos evangelistas – que foram escritos mais de três décadas após a morte de Jesus por quatro pessoas que não conviveram com o Messias e que colheram depoimentos de pobres e analfabetos – e as cartas de São Paulo, teríamos hoje menos cristãos do que Jedis. De fato, Jesus era um fracassado. Apanhou pouco. Texto de JORLANDO NATALINO DURANTE publicado no site GNN O Jornal de todos os Brasis