Victoria Nuland, uma das articuladoras do golpe na Ucrânia em 2014 e presente nos governos Clinton, Bush e Obama, também foi peça chave nas invasões do Iraque e do Afeganistão
A Subsecretária de Estado para Assunto Políticos dos EUA, Victoria Nuland, está no Brasil para a realização de duas agendas: "Encontro com jovens empreendedores do Brasil" e "Diálogo de Alto Nível Brasil-Estados Unidos da América". Poderia ser apenas uma visita sem qualquer relevância, mas, dado ao currículo de Nuland e ao atual contexto político do Brasil e da América Latina, a agenda oficial parece esconder os reais objetivos de tal missão diplomática.
A decisão de Jair Bolsonaro de indultar o deputado fora da lei Daniel Silveira, do PTB-RJ, deve ser entendida, seriamente, como uma provocação para desestabilizar o processo eleitoral em curso. Visa a escalar uma crise artificial com o Supremo Tribunal Federal (STF) , mas também com o Tribunal Superior Eleitora (TSE), tendo em vista que, por determinação do Palácio do Planalto, o Ministério da Defesa tem esgrimido uma polêmica com a Justiça Eleitoral questionando a segurança das urnas eletrônicas, no formato atual.
Ao indulto excepcional de Daniel Silveira deve ser juntado o fato político, extremamente grave, que é a chegada ao Brasil, da subsecretária de Assuntos Políticos dos EUA, Victoria Nuland, organizadora do golpe de Estado da Praça Maidan, na Ucrânia, em 2014, resultando no surgimento de um governo neonazista anti-Rússia, desembocando na guerra atual da Otan contra a nação eslava, com todo o apoio dos EUA. Nuland vem ao Brasil para participar de um Diálogo de Alto Nível Brasil-EUA, e traz, na bagagem, o subsecretário de Crescimento Econômico, Energia e Meio Ambiente, José Fernández, exatamente, no momento em que os aliados europeus na guerra contra a Rússia se encontram na eminência de se verem privados do acesso ao petróleo e ao gás russo, caso não aceitem fazer o pagamento em rublos, como, evidentemente, é uma prerrogativa de Moscou para vender suas matérias primas, em face da falta de lastro do dólar.
Assim, o contexto em que se verificam as agressões de Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal, ao TSE, acompanhadas de declarações hostis por parte do Presidente do Supremo Tribunal Militar, bem como do presidente do Clube Militar do Rio de Janeiro, conforma, com a chegada de dois representantes diretos de Biden ao Brasil, no mínimo configuram pressão para que o governo brasileiro seja mais alinhado e submisso possível, seja em relação ä guerra da Otan contra a Rússia, mas também em relação ao Venezuela.
É a partir do contexto biográfico que a visita misteriosa de Nuland deve ser lida e analisada.
Por meio de suas redes sociais, Victoria Nuland divulgou algumas fotos de seu encontro com "jovens empreendedores" do Brasil. No entanto, e isso também foi notado por alguns internautas, nenhum dos jovens que aparecem nas fotos são conhecidos por trabalhos no tema referido por Nuland. Também não há qualquer menção se são parte de alguma universidade, ONG ou grupo organizado.
Além do encontro com os "jovens empreendedores", Nuland participou de uma reunião intitulada "Diálogo de Alto Nível Brasil-Estados Unidos da América" que teve como pauta "governança democrática, promoção da prosperidade econômica e fortalecimento em defesa e segurança e promoção da paz e do primado do Direito". O evento não consta na agenda oficial do Ministério das Relações Exteriores do Brasil.
As forças progressistas brasileiras devem ter uma atenção superespecial à presença dos enviados norte-americanos ao Brasil, tendo em vista que um eventual acordo, envolvendo petróleo, pode ter como moeda de troca uma posição ingerencista da Casa Branca sobre as eleições presidenciais brasileiras, aliás, como é tradição na política intervencionista da nação do norte, todo cuidado é pouco.
Fontes: Revista Fórum e Brasil Popular