terça-feira, 2 de janeiro de 2018
Impactos dos fogos de artifício sobre os animais
Usados há milhares de anos pelos chineses para afugentar maus espíritos e posteriormente em celebrações e festejos pelo mundo todo, os fogos de artifício perturbam não somente animais domésticos, bebês, crianças pequenas e alguns idosos como também causam inúmeros desconfortos na vida selvagem, podendo até provocar a morte de muitas espécies de animais. O som ensurdecedor e o brilho intenso emitidos em shows pirotécnicos são fontes de perturbação para inúmeras espécies de animais domésticos e silvestres no mundo todo.
É do conhecimento de todos que os animais domésticos e de criação se afligem bastante com o barulho das explosões de fogos de artifício. Há relatos de cães que fugiram, se machucaram e tiveram ataques de pânico e desmaios durante um show pirotécnico nas proximidades. Os ouvidos super sensíveis dos cães e dos gatos, bem como de muitos animais silvestres, tornam o ruído dos estouros muito mais perturbador e assustador. E há os casos de pets que apresentam problemas neurológicos ou cardíacos. O estresse e o medo podem causar vômitos, falta de ar, convulsões e arritmias cardíacas nesses casos.
As consequências desse tipo de estresse em animais domésticos é fácil de ser percebida, verificada e estudada. Mas como determinar os impactos causados à fauna silvestre? Como os shows pirotécnicos acontecem à noite, as respostas comportamentais dos animais são difíceis de serem percebidas e quantificadas. Para conseguir mensurar adequadamente e fundamentar as evidências dos efeitos negativos dos fogos de artifícios sobre as vida selvagem, pesquisadores holandeses utilizaram um radar meteorológico, que foi adaptado para localizar aves de grande tamanho corporal, como gansos. Os dados coletados em três réveillons consecutivos demonstraram que após a meia noite estas aves levantaram vôo, muitas permanecendo em torno dos 500 metros de altitude (quando o usual é até 100 metros) e a agitação durou cerca de 45 minutos. Algumas destas aves voaram muitos quilômetros antes de pousar e descansar. Isso sem dúvida gerou uma carga muito grande de estresse nesses animais.
Em 2012, uma pequena cidade do Arkansas, EUA, foi manchete quando centenas de tordos-sargentos (Agelaius phoeniceus) foram encontrados mortos após o réveillon. Fatos semelhantes ocorreram na Louisiana e na Suécia. E o problema se repete em outras comemorações. Em 2007 pesquisadores registraram que um grande número de aves marinhas abandonou seus ninhos após as celebrações do dia da independência em Gualala, EUA. Apesar de muito protesto, os fogos foram proibidos nesta localidade em 2008. A cidade de Monrovia, na California-USA, também proibiu o uso de fogos de artifício por diversas razões, dentre elas incêndios e acidentes.
Além do problema da poluição sonora intensa e das consequências desagradáveis e até mesmo trágicas causadas pelos ruídos da explosão, o processo de fabricação dos fogos e também a sua queima liberam percloratos, que contaminam o ar e os corpos d’água. Estas substâncias inibem o funcionamento da glândula tireóide, alterando o crescimento, desenvolvimento e metabolismo de várias partes do organismo dos animais que entram em contato com este poluente. Seus efeitos são conhecidos tanto em animais silvestres como em humanos.
Fonte: Últimos Refúgios