terça-feira, 29 de agosto de 2017

Marcha para Jesus - uma análise

O primeiro ponto a se discutir é: o Estado é laico, ou seja, não toma partido por nenhuma religião. Mesmo com a maior parte da população brasileira se declarando cristã (em suas mais diversas vertentes), ainda assim o Estado é laico e precisa, por isso, agir com equidade frente a todos os credos religiosos, ou mesmo a falta deles. Quando o Estado usa de verba pública para beneficiar este ou aquele credo religioso, está agindo contrariamente aos cidadãos que não professam essa fé, mas que mesmo assim percebem parte do dinheiro pago em impostos sendo direcionado para algo em que não concordam. Não adianta dizer que não está beneficiando uma igreja, mas uma associação, que sabemos, foi criada para burlar a lei e conseguir os benefícios públicos. Além disso, fica a “dívida” da instituição religiosa frente ao político que lhe facilitou o recebimento da verba pública. Essa “dívida” terá que ser paga em algum momento e vocês devem imaginar como. Não é segredo para ninguém que vivemos uma crise sem precedentes, na qual vemos prefeituras deixando de pagar ou atrasando o salário dos seus servidores. Em momentos como esse, é necessário cortar o máximo de gastos menos necessários para conseguir manter os serviços essenciais e as contas em dia. E não há dúvidas que é muito mais importante manter um hospital, uma creche, uma escola ao invés de investir numa “festa” estilo “Marcha para Jesus” ou “Carnaval”. Não dá para patrocinar o Carnaval ou a Marcha para Jesus enquanto os servidores estão sem salário ou salário defasado, os hospitais sem condições de funcionamento e as escolas sem estrutura, etc... Que Cristianismo é esse das Marchas para Jesus patrocinadas com altas verbas públicas, em detrimento das necessidades básicas da população? Quer fazer uma Marcha para Jesus? Então que o Poder Público possa colaborar com o necessário, ou seja, um espaço para o evento, ambulância para socorrer alguém que passe mal, policiais e agentes de trânsito para manter a segurança dos participantes, itens básicos e que não onerarão o Orçamento. Mais do que isso, é abuso.