terça-feira, 2 de fevereiro de 2016
Operação tapa-buraco ou como jogar recursos públicos no ralo.
Foto: Arquivo
Os moradores de Cambuquira estão acostumados a ver, pelo menos uma vez por ano, operários da Prefeitura realizando a operação tapa-buraco e o ilustre prefeito, depois, se vangloriando do ato.
Operações tapa-buracos são comuns em todo Brasil, independentemente do tipo de obra. Seja uma via urbana ou em uma rodovia, é disseminada a cultura de “jogar asfalto” no buraco e considerar isto um trabalho de recuperação da pista. No entanto, trata-se de um grande erro e omissão por parte do poder público responsável. O tapa-buraco é uma medida emergencial e não resolve os problemas estruturais do pavimento. Um tapa-buraco após o outro transforma a via em uma desconfortável e insegura colcha de retalhos, um exemplo disso é a rua do campo de futebol, aqui em Cambuquira.
As primeiras patologias que surgem em um pavimento asfáltico são trincas e fissuras. Se não há manutenção preventiva ocorre a evolução da degradação. As trincas crescem com a ação das forças do tráfego e com a penetração de água, se unindo umas às outras. Logo, há o surgimento de um belo buraco.
Não há recuperação de pavimento ao simplesmente tapar o buraco adicionando material novo, com uma aplicação precária e uma compactação ineficiente. O pavimento asfáltico tem vida útil de 10 a 15 anos, segundo engenheiros especialistas, se for bem produzido e bem aplicado. Em Cambuquira muitas vezes não duram mais do que duas ou três chuvas.
Os problemas já acontecem no início de sua vida útil: produção inadequada de um material de má qualidade, erros na aplicação e compactação. Isto tudo resulta em um pavimento ruim desde sua implantação. Com o passar do tempo e o desgaste natural que ocorre, há o surgimento das patologias. Que nestes casos surgem muito mais rápido. E aí se sucedem as operações tapa-buracos, deixando nossas ruas com uma péssima qualidade de pavimentação.
O ideal é que haja um programa de gerenciamento da manutenção dos pavimentos. (Sei que a equipe que assessora o prefeito está longe de entender isso, mas não custa um pequeno esforço). Aplicando o revestimento ou executando a fresagem e a substituição de parte da camada asfáltica nas ruas quando surgirem as primeiras patologias. Intervenções localizadas podem ser feitas, desde que o buraco seja recortado através da fresagem. Na sequência aplica-se a pintura de ligação, a aplicação e a compactação adequada do novo material asfáltico. Importante também é nivelar ao pavimento existente, para que não há irregularidades nas vias, como é o caso de todos os buracos tapados em nossa cidade.
Em casos emergenciais é preciso tapar os buracos, visando permitir condições mínimas de trafegabilidade. O problema é quando esta prática se torna uma solução em definitivo. Simplesmente jogar o material nos buracos, como é feito em Cambuquira, não é solução de engenharia.
Também não é a forma mais correta de gastar verbas públicas.