sexta-feira, 23 de novembro de 2012

PT - O partido vendido

O discurso do PT (...) Minha tese central é a de que o partido, embora venha conquistando resultados bastante positivos nas urnas, atravessa uma crise existencial, talvez até anímica. O PT surgiu de um amálgama de intelectuais de esquerda, lideranças sindicais e gente ligada aos setores progressistas da Igreja Católica. Embora o pluripartidarismo brasileiro tenha sido uma tentativa do regime militar de desinflar o crescimento da oposição, reunida no então MDB, a jovem legenda logo se destacou na multidão de siglas que apareceram no processo de abertura. A agremiação prometia trazer um jeito diferente de fazer política. Não abria mão de seus princípios e, de forma talvez até exagerada, nem sequer negociava com outros partidos. Foi só muito a contragosto que os parlamentares do partido, entre os quais estava Lula, assinaram a Constituição de 1988, a qual acusavam de "reformista". No que diz respeito à moralidade pública, o PT se tornava quase religioso. Nesses primeiros anos, era a legenda de onde vinha a maioria das denúncias de corrupção e aquela cujos membros jamais apareciam nos escândalos. Gostando-se ou não das ideias que a agremiação defendia, era quase um consenso que ela prestava importantes serviços ao país, ao apresentar (e exigir) um novo padrão de comportamento moral dos políticos. (...) De toda maneira o PT não era bobo. Logo percebeu que, se não se abrisse e admitisse pelo menos a negociar com outras forças políticas, estaria condenado a jamais passar de um partido de oposição, capaz de vencer uma ou outra eleição majoritária local, mas sem chances reais de chegar ao poder central. Veio então a guinada para o centro. O partido reviu alguns de seus dogmas e admitiu fazer alianças com a burguesia e tudo mais. Lula escolheu José Alencar, um empresário, para ser seu vice na chapa vitoriosa de 2002. Para muitos, eu inclusive, esse foi um sinal de amadurecimento, ainda que se pudesse discutir a qualidade desta ou daquela medida. O fato é que Lula finalmente chegou à Presidência. E aí veio o mensalão. (...) Até onde é lícito fazer previsões em política, enquanto o PT não decidir o que quer ser quando crescer, continuará vivendo surtos esquizofrênicos. E, como a ausência de uma narrativa límpida não parece afetar seu desempenho eleitoral, isso poderá continuar por um bom tempo. ACESSEM A MATÉRIA NA ÍNTEGRA ---> FONTE: Coluna Hélio Schwartsman (http://www1.folha.uol.com.br/colunas/helioschwartsman/1188803-o-discurso-do-pt.shtml)