O Teatro Oficina Perdiz — que durante o dia é uma oficina mecânica e à noite é palco para a arte — esteve ameaçado de fechar nos últimos seis anos, mas finalmente garantiu sua preservação. O espaço cultural inusitado, que fica na 708/709 Norte, faz parte da cena artística de Brasília há quase 20 anos, acolhendo atores locais, grandes peças teatrais e lançamentos culturais. Mas a oficina funciona há 39 anos em área pública e sem alvará. Por isso, e principalmente pela sua tradição, o Perdiz terá novo endereço até o fim do ano. Na segunda-feira, o proprietário, José Perdiz , 74, se reuniu com o promotor Roberto Carlos Batista , da Promotoria de Justiça de Defesa do Meio Ambiente e Patrimônio Cultural do Distrito Federal (Prodema), e as duas construtoras que hoje edificam obras ao redor da oficina. Na ocasião, ficou determinado que a nova sede do espaço cultural será construída na 710 Norte. O terreno e o prédio vão ser custeados pelas empresas. Em maio do ano passado, após ameaças de derrubada, o Governo do Distrito Federal (GDF) reconheceu a importância cultural do teatro e prometeu encontrar uma solução. O impasse, além da irregularidade, incluía as obras realizadas ao redor da oficina. O prédio que está sendo erguido pela Ipê Omni precisa do espaço para marquises. "Após audiências, a minha empresa e a Cecin Sarkis, que também constrói ali, chegaram a um consenso para comprar um terreno e arcar com a edificação do novo prédio para preservar aquele espaço tão importante para Brasília", afirmou o proprietário da Ipê Omni, Júlio César Peres. O terreno custou às construtoras R$ 200 mil. Em 15 dias, as empresas vão entregar a documentação definitiva à Diretoria de Patrimônio Histórico e Artístico (Depha), da Secretaria de Cultura do DF, responsável por elaborar, junto com José Perdiz , o projeto arquitetônico. A prioridade é que as características da Oficina-Teatro sejam mantidas. O custo ainda não foi estimado. Setembro A previsão é que o projeto seja concluído em 60 dias e as obras comecem em setembro. Segundo a assessoria do Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT), a oficina deverá estar pronta em dezembro. A agenda de espetáculos e lançamentos culturais permanece inalterada no atual espaço até agosto. O novo local terá praticamente a mesma dimensão do de hoje. "O Perdiz tem 280 metros quadrados . O novo prédio terá 300 metros quadrados ", explicou Peres. No entanto, se hoje o torneiro mecânico consegue atrair 120 pessoas para o palco da oficina, na nova sede o público cairá para 80. Ainda assim, para o diretor teatral Marcos Pacheco a decisão de transferir o local foi uma vitória. "A situação de irregularidade era irreversível. O importante é que não perdemos o teatro", comentou Pacheco. Perdiz se diz conformado. "A sensação é a mesma de quando uma pessoa fica viúva. Não há o que fazer, apenas aceitar." Mas ele reconhece que poderá dar mais estrutura ao público cativo. "Vou melhorar as arquibancadas e fazer uma saída de emergência. O povo brasileiro, que gosta de teatro, merece", disse ele. Também na reunião de segunda-feira, a Agencia de Fiscalização do GDF se comprometeu a elaborar um cronograma de atividades para tratar de outros patrimônios que estão em áreas irregulares, mas não podem ser demolidos devido à sua importância para a cidade. A agência vai mapear os espaços e tentar, a exemplo da Oficina Perdiz, encontrar soluções que preservem os locais, dentro da legalidade. A oficina começou a funcionar como teatro em 1989, quando um ator amigo de Perdiz lhe pediu um espaço para ensaiar. No mesmo ano, foi apresentada a peça Esperando Godot, de Samuel Beckett. "Sou um torneiro mecânico que se envolveu com cultura. O teatro é a minha vida", disse. A história da Oficina Teatro também chegou às telas do cinema, por meio de um curta-metragem do cineasta brasiliense Marcelo Diaz , exibido em festivais no Brasil e na Europa.
quarta-feira, 9 de julho de 2008
Teatro Perdiz
O Teatro Oficina Perdiz — que durante o dia é uma oficina mecânica e à noite é palco para a arte — esteve ameaçado de fechar nos últimos seis anos, mas finalmente garantiu sua preservação. O espaço cultural inusitado, que fica na 708/709 Norte, faz parte da cena artística de Brasília há quase 20 anos, acolhendo atores locais, grandes peças teatrais e lançamentos culturais. Mas a oficina funciona há 39 anos em área pública e sem alvará. Por isso, e principalmente pela sua tradição, o Perdiz terá novo endereço até o fim do ano. Na segunda-feira, o proprietário, José Perdiz , 74, se reuniu com o promotor Roberto Carlos Batista , da Promotoria de Justiça de Defesa do Meio Ambiente e Patrimônio Cultural do Distrito Federal (Prodema), e as duas construtoras que hoje edificam obras ao redor da oficina. Na ocasião, ficou determinado que a nova sede do espaço cultural será construída na 710 Norte. O terreno e o prédio vão ser custeados pelas empresas. Em maio do ano passado, após ameaças de derrubada, o Governo do Distrito Federal (GDF) reconheceu a importância cultural do teatro e prometeu encontrar uma solução. O impasse, além da irregularidade, incluía as obras realizadas ao redor da oficina. O prédio que está sendo erguido pela Ipê Omni precisa do espaço para marquises. "Após audiências, a minha empresa e a Cecin Sarkis, que também constrói ali, chegaram a um consenso para comprar um terreno e arcar com a edificação do novo prédio para preservar aquele espaço tão importante para Brasília", afirmou o proprietário da Ipê Omni, Júlio César Peres. O terreno custou às construtoras R$ 200 mil. Em 15 dias, as empresas vão entregar a documentação definitiva à Diretoria de Patrimônio Histórico e Artístico (Depha), da Secretaria de Cultura do DF, responsável por elaborar, junto com José Perdiz , o projeto arquitetônico. A prioridade é que as características da Oficina-Teatro sejam mantidas. O custo ainda não foi estimado. Setembro A previsão é que o projeto seja concluído em 60 dias e as obras comecem em setembro. Segundo a assessoria do Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT), a oficina deverá estar pronta em dezembro. A agenda de espetáculos e lançamentos culturais permanece inalterada no atual espaço até agosto. O novo local terá praticamente a mesma dimensão do de hoje. "O Perdiz tem 280 metros quadrados . O novo prédio terá 300 metros quadrados ", explicou Peres. No entanto, se hoje o torneiro mecânico consegue atrair 120 pessoas para o palco da oficina, na nova sede o público cairá para 80. Ainda assim, para o diretor teatral Marcos Pacheco a decisão de transferir o local foi uma vitória. "A situação de irregularidade era irreversível. O importante é que não perdemos o teatro", comentou Pacheco. Perdiz se diz conformado. "A sensação é a mesma de quando uma pessoa fica viúva. Não há o que fazer, apenas aceitar." Mas ele reconhece que poderá dar mais estrutura ao público cativo. "Vou melhorar as arquibancadas e fazer uma saída de emergência. O povo brasileiro, que gosta de teatro, merece", disse ele. Também na reunião de segunda-feira, a Agencia de Fiscalização do GDF se comprometeu a elaborar um cronograma de atividades para tratar de outros patrimônios que estão em áreas irregulares, mas não podem ser demolidos devido à sua importância para a cidade. A agência vai mapear os espaços e tentar, a exemplo da Oficina Perdiz, encontrar soluções que preservem os locais, dentro da legalidade. A oficina começou a funcionar como teatro em 1989, quando um ator amigo de Perdiz lhe pediu um espaço para ensaiar. No mesmo ano, foi apresentada a peça Esperando Godot, de Samuel Beckett. "Sou um torneiro mecânico que se envolveu com cultura. O teatro é a minha vida", disse. A história da Oficina Teatro também chegou às telas do cinema, por meio de um curta-metragem do cineasta brasiliense Marcelo Diaz , exibido em festivais no Brasil e na Europa.
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